terça-feira, 28 de abril de 2009

Gripe suína e google trends

O negòcio é sério. Literalmente é melhor prevenir do que remediar.
Acabo de ler um email enviado pela presidência da universidade, pedindo enfaticamente à todos aqueles que tiverem alguma viagem para o México, que a prorroguem ou a cancelem.

As prevenções podem gerar excessos ou pânico: Hoje fiquei sabendo que a filha de uma colega mexicana foi enviada de volta pra casa, por ordem da direção do colégio. A menina estava com tosse, e por ser mexicana, a escola "panicou". A ùltima vez que ela havia estado no México foi hà quase um ano, mas teve contato com alguém que esteve no México hà pouco mais de dois meses.

Desde que o alarme aumentou nesta ùltima semana, jà fiz vàrias pesquisas sobre gripe suina/swine flu/grippe porcine pra tentar me informar melhor. "Caiu a ficha" que milhões de pessoas no mundo estão fazendo o mesmo.
Fui até o Google trends, para ver as tendências das pesquisas sobre isso em vàrios idiomas, e o salto na quantidade de buscas é impressionante (ou talvez previsìvel).









Gripe suína (português)



Swine flu (inglês)


Grippe porcine (francês)


Gripe porcina(espanhol)


Influenza suina(italiano)




Schweinegrippe (alemão)



Casos mapeados no globo, e atualizados constantemente:

View H1N1 Swine Flu in a larger map

domingo, 19 de abril de 2009

Anglicismo na lìngua francesa. Très cool!

Na minha cabeça havia vàrios estereòtipos sobre a França e os franceses que tem sido quebrados à medida que vou conhecendo mais coisas por aqui. Um deles, que muita gente jà ouviu falar, é de que "na França abominam a lìngua inglesa e não admitem anglicismos". Li algo do tipo uma vez numa reportagem de jornal no Brasil, em que o jornalista dizia que o Brasil sempre pega emprestado vàrios termos da lìngua inglesa e que na França são bem resistentes à esse tipo de influência. Não é bem assim. Hà uma lei que obriga a tradução de anùncios com frases ou palavras em inglês não incorporadas (ainda) à lìngua francesa. Geralmente marcam a frase/palavra com um asterisco e na parte inferior do anùncio colocam a tradução.

Recentemente a informàtica trouxe bastante coisa pra lìngua portuguesa, especialmente no Brasil, onde somos mais "abertos" a tais influências e usamos, por exemplo, o termo "mouse" enquanto em Portugal é rato e na França é souris, ambos traduções de mouse. Criamos até o verbo "deletar" que, graças a uma outra reportagem bem informativa que li, não estaria tão errado, visto que delete vem do grego deleterios, que significa destruir. Falando em grego, aqui tem também uns anglicismos "denorex", que parece mas não é, tipo machine e bus, ambos vindos do latim.

Voltando à informàtica, os franceses possuem termos pròprios e traduções para vàrias coisas: mél (abrev. de messagerie éléctronique ao invés de usar email), disque dur (ao invés de harddisk/hd), logiciel (no lugar de software), pare-feu (firewall), etc. Entretanto, usam vàrios termos informàticos em inglês: crash, patch, boot, hardware, download (apesar de usarem bastante a palavra francesa téléchargement).

Existem anglicismos bem mais antigos, tipo a palavra stop, usada em placas* em tudo que é esquina francesa. Tem até verbo stopper.
Instituições falam em budget mas nao esquecem do planning.
Nos supermercados os carros ficam no parking e os produtos estão en stock.
Pra lanchar se compra hot-dog (com o "H" mudo), milk-shake e cheeseburger, ou senão come um steak e depois masca um chewing-gum.
Algo bacana é cool.
Bonde aqui é tramway, que abreviando ficou tram, e no de Grenoble tem aviso pra tomar cuidado com os pickpocket (batedor de carteira).
Calça jeans aqui virou jean (pronunciado "djin", pra não confundir com o nome pròprio Jean).
O football não se regionalizou como nosso futebol, aqui ficou foot.
Chefe aqui todo mundo chama de boss.
Palhaço é clown e o coringa do baralho é joker.

Acho que por aì praticamente esgoto meu vocabulàrio franco-inglês.

* A tal da placa com stop tem até em Portugal. Seria uma lei européia?

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Seguro Saùde na França

Aproveito o feriado (sim, o feriado da Pàscoa na França é na segunda DEPOIS do domingo de Pàscoa) e escrevo um post de um fato da semana passada. Para os googleiros acidentais buscando info sobre seguro saùde/assitência médica na França, leiam com atenção a primeira e a segunda parte.


1. Funcionamento Geral

O seguro saùde aqui é dividido em duas partes:
- Couverture de base: Reembolsa 70% dos gastos
- Mutuelle: Reembolsa de 25% a 30% restantes

A mutuelle é opcional. Você pode ter a couverture de base apenas, e pagar os 30% toda vez. O normal é ter os dois.

Baseado na nossa experiência, jà tivemos o reembolso no seguinte:
- Consulta médica
- Exames
- Atendimento de urgência
- Medicamentos com receita

Procedimentos cirùrgicos também são cobertos, mas felizmente não precisamos e espero não precisarmos.

O segurado precisa ter um Médecin Traitant (um clìnico geral), que é o seu médico oficial. Você deve sempre se dirigir à ele quando tem alguma coisa, para que ele te encaminhe a um médico especialista se necessàrio. Ir direto a um especialista sem o encaminhamento dà uma multa. Acho que o valor atual é metade do valor consulta.

2. Estudantes estrangeiros
Permanência superior a 3 meses implica em ter o seguro.

2.1 Menor de 28 anos
O seguro é feito geralmente com a SMERRA ou a LMDE. Algo em torno de 300 euros por ano. O estudante terà um nùmero provisòrio de Securité Sociale.

2.2 A partir de 28 anos
Cheguei aqui com esta bendita idade fronteiriça. Neste caso, tive que ir direto com o òrgão do governo (CPAM-Caisse Primaire d'Assurance Maladie) que cuida disso. Franceses desempregados ou que tem renda baixa também vão là. No meu caso era estudante estrangeiro e desempregado, pois eu não tinha bolsa. Eles fazem um càlculo baseado nos rendimentos do ano anterior (entreguei uma declaração escrita à mão). Achei que seria de graça. A grande vantagem de ser maior de 28 anos é que você ganha um nùmero de Securité Sociale vàlido, que depois facilitou muito meu processo da bolsa. Outra coisa é que pode ser que saia de graça. Tivemos que pagar pela couverture de base ( 70% ) e não tivemos direito aos 30% da mutuelle do governo. Quando virei bolsista, ganhamos cobertura de base da MGEN que é debitada diretamente do salàrio.

A CPAM nos deu nossa Carte Vitale, que dà o desconto diretamente nos hospitais, médicos, laboratòrios e farmàcias equipados da màquina que lê este cartão. A maioria deles tem esse equipamento. Quando não, temos que pagar e eles nos dão um formulàrio que devemos entregar ao nosso responsàvel da couverture de base. Mudamos pra MGEN e o cartão permaneceu o mesmo (bom, o meu deu pau na atualização e pedi outro, mas o da minha esposa funcionou).

2.2.3 Inclusão de cônjuge
A França é bem burocràtica. Tão burocràtica que os funcionàrios não sabem direito as regras. Na sede da CPAM de Grenoble disseram que minha esposa não poderia ser segurada comigo pois o visto dela era de acompanhante. Apenas o estudante seria assegurado. A doce senhora foi um pouco rìspida: "Ela veio por escolha pessoal. Procure um seguro privado". Acho que a titia nunca casou para dizer uma coisa dessas.
Ao me dirigir ao centro CPAM do meu bairro, insisti e levei novamente os documentos da minha esposa. A funcionària não soube responder, chamou um colega, que disse que poderia. Minha esposa ficou assegurada, sem problema. Aquele negòcio de "eu sou brasileiro e não desisto nunca".

3. Seguro morreu de velho
Semana passada minha esposa precisou ficar no hospital devido a uma crise de asma. Motivo: poluição de Grenoble e o pòlen das flores com a chegada da primavera. Chegou na urgência às 8:00 e saiu no outro dia ao meio-dia. Total da internação: 1100 (mil e cem) euros. Não tìnhamos mutuelle. Medicamentos: 128 euros. Não tìnhamos mutuelle.
No outro dia fui fazer a inscrição na mutuelle da MGEN, pra evitar outros problemas desse no futuro.

Essa mutuelle paga pelas lentes dos òculos também. Vou testar isso mês que vem, quando começa a valer nossa mutuelle. Jà que estamos pagando né?

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A maior cave de licor do mundo

Apesar da megalomania (maior avenida em linha reta da América Latina, maior shopping da América Latina, maior condomìnio fechado da América Latina, maior caranguejo que segura copo de cerveja da América Latina, etc...) a maior cave de licor do mundo não é em Recife Pernambuco. Talvez a maior da América Latina fique là...
Cave? Cava? Uma caverna cheia de barris pra maturação do licor...

Semana passada visitamos a cave da Chartreuse, nome de um maciço aqui da região, que hà alguns séculos dà nome a um licor à base de ervas aromàticas aqui perto de Grenoble.
Dizem que é a ùnica do mundo com a coloração verde feita a partir das ervas que compoem a bebida (o Absinto é verde devido a corantes). Os monges Cartuxos (Chartreux) são os detentores da receita milenar, e sò eles sabem qual a mistura correta. Parece papo furado, mas foi o que contaram pra nòs quando visitamos a cava.
Ao final da visita, cada um pode escolher pra degustação um dos diferentes tipos de licores que eles produzem. Também provamos um Elixir (mais de 70 graus de teor alcoòlico) que de tão forte que é nos dão algumas gotinhas em um cubinho de açucar. Pra terem idéia do preço em reais, achei esse link aqui...

domingo, 5 de abril de 2009

Pinturas gigantes em Lyon

Pinturas muito legais que vimos nas fachadas e laterais de alguns prèdios em Lyon.


sábado, 4 de abril de 2009

Sovaqueira

Primavera chegou. Tempo esquentou. O povo sai de casa com roupa pra aguentar frio, mas ao longo do dia o tempo esquenta. Tem gente que tira o casaco, outros não. Independentemente, transpirar é normal quando a temperatura està mais alta. Bom, é nessa época e no verão que os narizes são afetados pela triste sovaqueira européia. Peguei ônibus hoje e com todos os vidros fechados foi uma tortura sentir as sovaqueiras de diferentes "naipes".

O hàbito do banho diàrio é coisa dos indìgenas das américas. Não sei dizer do povo da Oceania, mas nòs brasileiros (sou pobre mas sou limpinho!) e todos os outros irmãos do continente americano fedemos com menos frequência que os europeus, africanos e asiàticos. Isso não quer dizer que todos os não americanos sejam fedorentos. Tem muito francês que não fede durante a primavera e verão, os momentos crìticos dos sovacos fedorentos ambulantes. Mas que tem muito caboco fedorento por aì tem viu. Os franceses contruìram uma "bela" reputação de fedorentos pelo mundo afora. Piadas variam dizendo que inventaram os melhores perfumes por quê não gostam de tomar banho. E tem até o gambà dos desenhos do Pernalonga, que satiriza essa fama.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Coelho

Coelho é bem comum de se comer na França. Em todo mercado tem pra vender. Eu nunca tinha comido. Não é nada de super exòtico, pois em Recife lembro de um lugar no bairro da Madalena que sempre vendia (não sei se ainda vendem là). Hoje aproveitei que a esposa està viajando (e vai me matar quando ler isso) e comprei um coelho. Abatido, pra cozinhar mesmo. Ela morre de nojo quando passa pela parte do supermercado onde tem os bichos là esticados pra vender.

Foi estranho. Abri a bandejinha de isopor e o coelho estava inteirão, igual na foto ao lado. Tive que tirar rins, fìgado, pulmões e coração. Até a traquéia dele tive que arrancar. Sensação muito estranha a de tratar um mamìfero deste porte. Confesso que em alguns momentos perdi a fome e a vontade de continuar tratando o bicho. Não vemos os animais que comemos como animais, vemos como produto. Sò que esse produto, quando tirado da embalagem não era um filé, uma fatia de presunto ou um hamburguer, estava claro que era um animal com o corpo ali esticado. Um mamìfero igual a mim. O olhão estava no crânio do bicho, me olhando...

Foi um momento de reflexão, com um quê de aula de anatomia. Durante os cortes, perguntava-me porque somos tão hipòcritas (somos, ou seja, eu incluso) de achar bonitinho um coelhinho, até mesmo uma vaca, e comermos o animal, na verdade "um produto" para nòs consumidores hipòcritas. Temos conhecimento e tecnologia suficiente para não precisar comer carne animal. Mas é gostoso e gera muito dinheiro. Consegui cozinha e comer o coelho, que lembra o gosto de galinha. No final, a hipocrisia venceu.