Ontem minha esposa achou biscoito Maria num supermercado daqui. Produto de origem espanhola. Ela me falou que lembrava o biscoito Maria de "antigamente" là do Brasil. Peguei o pacote e provei um. Ela tinha razão. Não sei se todos tem isso de comer algo e lembrar de alguma época, mas lembranças de minha infância vieram à tona. Mas e o biscoito Maria de hoje? Não sei se todos os brasileiros lembram que a qualidade de alguns produtos relativamente tradicionais vem caindo com o passar dos anos. O biscoito Maria jà não tem comparação com o de antes, não importa qual a marca. Biscoitos Bono (que quando eu era criança nem tinha esse nome) também caìram de qualidade, e até aqueles Divertidos (que virou Passatempo) que hoje eu não como nem de graça. Queda da qualidade pra não subir preço ou para aumentar lucros? Muda o nome do produto, derruba a qualidade e aumenta o preço.
Meu pai falava que quando ele era criança, a mãe dele na cozinha abria uma lata de biscoito cream cracker da Pilar (vinha em lata!) desenrolava o papel não sei o que (ou era papel manteiga ou papel alumìnio, não lembro) e ele sentia o cheiro na sala. E por que hoje uma cream cracker não é tão apetitosa? Troca de ingredientes do preparo como manteiga por margarina vegetal, depois por alguma outra gordura vegetal de pior qualidade? Farinha de trigo A por Z?
Embalagem
Ficamos impressionados aqui com a qualidade dos produtos aqui na França. Não compramos coisas caras. Damos sempre preferência aos produtos "da casa" nos supermercados. Mas a qualidade na grande maioria das vezes supera os produtos caros brasileiros. Laticìnio não tem nem o que dizer, pois a França tem excelência nesse setor. Os produtos marba (marbarato) dão de chinelo nos marca (marcaro) brasileiros. Jà que estou falando de biscoito, vamos usà-los como referencial. Tem uns biscoitos baratinhos, pacote a menos de um Euro, com a embalagem cheia de frescura, com proteção lateral em sanfoninha pra não esfarelar a borda. Outro pacotes de biscoito a menos de um Euro, cobertos com chocolate ao leite (tudo bem que o percentual de cacau não é igual ao de uma barra de chocolate) e uma embalagem também super high-tech. Outros entre 1 e 2 euros, com gavetinha de plastico embalado em papel alumìnio pra "manter o frescor". Manteiga pra entupir a veia de um, o que faz uma diferença muito grande no sabor.
Arabica ou robusta?
E o café? Como podemos explicar que eu compro café brasileiro de melhor qualidade (tipo aràbica) que o café das prateleiras (tipo robusta) do Brasil? E quando se tem sorte de encontrar café brasileiro do tipo aràbica em supermercado brasileiro, geralmente é mais caro do que no exterior. Acreditem.
Aquela fama do café brasileiro no mundo não é com o café que compramos aì, é com o aràbica que é exportado.
Frutas
As frutas brasileiras que são exportadas são bem escolhidas. O que não passa no controle de qualidade (fruta amassada, calibre menor, manchas na casca, etc) são o chamado refugo, que vira suco ou é vendido pro consumidor local (no Brasil, claro!). O que é bom tem que ir pra fora. Pelo menos no quesito sabor, o da fruta comprada no Brasil tem chance de ser melhor do que a exportada, pois apesar de bonitas e sem manchas, as frutas tropicais que chegam aqui no primeiro mundo vem amadurecendo no caminho o que é bem diferente de amadurecer na àrvore.
Imagino que sempre deve existir um cuidado especial com a qualidade de produtos de exportação, mas serà que a diferença dos nìveis de qualidade tem que ser tão grande?
Chocolate
Terra de exportação de cacau, e um dos maiores produtores do mundo, não produzimos chocolate tão bom quanto o cacau. O chocolate europeu tem mais fama e qualidade. Nas embalagens de chocolate daqui da França, geralmente se indica o percentual de cacau daquele chocolate. Não temos know-how ou é pirangagem mesmo de colocar um pouquinho mais de cacau no chocolate made in Brazil?
Tudo isso pode parecer frescura de brasileiro metido morando na Europa, mas é um pouco de frustração, de revolta. Espero que no caso da Petrobras com tanto petroleo sendo descoberto não continue exportando oleo cru e importando refinado. Tem as explicações do tipo de petròleo leve versus pesado, custo de refinar, etc. Mas na Venezuela, que produz bastante petroleo, combustìvel é provavelmente mais barato que àgua engarrafada, pneu é brincadeira e as estradas são um tapete.
Enquanto sigo por aqui pela Europa vou aproveitando a qualidade dos produtos do meu Brasil com Z, export quality. Tomando café brasileiro de sabor suave acompanhado de um chocolatinho à base do melhor cacau brasileiro. Quando voltar pro Brasil vou de café robusta amargo (bastante açucar pra ver se melhora) com gordura hidrogenada sabor cacau, pois pobre não tem direito a comer as coisas boas do seu quintal senão falta pra vender na feira.
Meu pai falava que quando ele era criança, a mãe dele na cozinha abria uma lata de biscoito cream cracker da Pilar (vinha em lata!) desenrolava o papel não sei o que (ou era papel manteiga ou papel alumìnio, não lembro) e ele sentia o cheiro na sala. E por que hoje uma cream cracker não é tão apetitosa? Troca de ingredientes do preparo como manteiga por margarina vegetal, depois por alguma outra gordura vegetal de pior qualidade? Farinha de trigo A por Z?
Embalagem
Ficamos impressionados aqui com a qualidade dos produtos aqui na França. Não compramos coisas caras. Damos sempre preferência aos produtos "da casa" nos supermercados. Mas a qualidade na grande maioria das vezes supera os produtos caros brasileiros. Laticìnio não tem nem o que dizer, pois a França tem excelência nesse setor. Os produtos marba (marbarato) dão de chinelo nos marca (marcaro) brasileiros. Jà que estou falando de biscoito, vamos usà-los como referencial. Tem uns biscoitos baratinhos, pacote a menos de um Euro, com a embalagem cheia de frescura, com proteção lateral em sanfoninha pra não esfarelar a borda. Outro pacotes de biscoito a menos de um Euro, cobertos com chocolate ao leite (tudo bem que o percentual de cacau não é igual ao de uma barra de chocolate) e uma embalagem também super high-tech. Outros entre 1 e 2 euros, com gavetinha de plastico embalado em papel alumìnio pra "manter o frescor". Manteiga pra entupir a veia de um, o que faz uma diferença muito grande no sabor.
Arabica ou robusta?
E o café? Como podemos explicar que eu compro café brasileiro de melhor qualidade (tipo aràbica) que o café das prateleiras (tipo robusta) do Brasil? E quando se tem sorte de encontrar café brasileiro do tipo aràbica em supermercado brasileiro, geralmente é mais caro do que no exterior. Acreditem.
Aquela fama do café brasileiro no mundo não é com o café que compramos aì, é com o aràbica que é exportado.
Frutas
As frutas brasileiras que são exportadas são bem escolhidas. O que não passa no controle de qualidade (fruta amassada, calibre menor, manchas na casca, etc) são o chamado refugo, que vira suco ou é vendido pro consumidor local (no Brasil, claro!). O que é bom tem que ir pra fora. Pelo menos no quesito sabor, o da fruta comprada no Brasil tem chance de ser melhor do que a exportada, pois apesar de bonitas e sem manchas, as frutas tropicais que chegam aqui no primeiro mundo vem amadurecendo no caminho o que é bem diferente de amadurecer na àrvore.
Imagino que sempre deve existir um cuidado especial com a qualidade de produtos de exportação, mas serà que a diferença dos nìveis de qualidade tem que ser tão grande?
Chocolate
Terra de exportação de cacau, e um dos maiores produtores do mundo, não produzimos chocolate tão bom quanto o cacau. O chocolate europeu tem mais fama e qualidade. Nas embalagens de chocolate daqui da França, geralmente se indica o percentual de cacau daquele chocolate. Não temos know-how ou é pirangagem mesmo de colocar um pouquinho mais de cacau no chocolate made in Brazil?
Tudo isso pode parecer frescura de brasileiro metido morando na Europa, mas é um pouco de frustração, de revolta. Espero que no caso da Petrobras com tanto petroleo sendo descoberto não continue exportando oleo cru e importando refinado. Tem as explicações do tipo de petròleo leve versus pesado, custo de refinar, etc. Mas na Venezuela, que produz bastante petroleo, combustìvel é provavelmente mais barato que àgua engarrafada, pneu é brincadeira e as estradas são um tapete.
Enquanto sigo por aqui pela Europa vou aproveitando a qualidade dos produtos do meu Brasil com Z, export quality. Tomando café brasileiro de sabor suave acompanhado de um chocolatinho à base do melhor cacau brasileiro. Quando voltar pro Brasil vou de café robusta amargo (bastante açucar pra ver se melhora) com gordura hidrogenada sabor cacau, pois pobre não tem direito a comer as coisas boas do seu quintal senão falta pra vender na feira.