quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Vaporizador de Agua

Agua em spray. Eu nunca tinha visto. Nao sei se é novidade, mas eu apenas lembro de ter visto esse ano. No inicio do verao (junho) vi nas prateleiras do Carrefour, latinhas de agua em spray. Vaporizador ("brumisateur") de agua, da marca Evian. Achei o cumulo. Um absurdo. Um desperdicio. Abuso de nivel de industrializaçao e poder de compra. Coisa de pais rico cheio de frescura. Agua em spray? "Puro marketing pra tirar dinheiro de otarios", eu pensei.

Minha esposa comprou uma latinha, nao era Evian, mas era agua em spray. Nas noites quentes quando eu escrevia a tese com um ventiladorzinho que faz mas barulho do que ventila, morrendo de calor, eu testei a latinha. Minusculas gotas de agua pulverizadas em meu rosto trouxeram uma breve sensaçao de frescor (sem frescura, por favor). Tudo se encaixava agora e eu entendi a utilidade deste abuso de industrializaçao. Nao sei se a galera aqui substitui banho por isso. Sei la. Inventaram aqui os melhors perfumes do mundo pra encobrir o mau cheiro. Sabe-se la se eles enxergam isso com banho enlatado. Mas que ajuda, ajuda. O calor aqui no verao é de asfixiar. Agora a garrafinha de spray de agua é nossa fiel amiga dos dias e noites quentes.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Tramway cabadapeste

Sou fa dos tramways. Até ja falei deles rapidamente aqui. Acompanhando as noticias sobre o progresso dos trabalhos na infraestrutura das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, vi que algumas cidades cogitaram e algumas até escolheram o uso de Veiculos Leves de Transporte (VLT). Esse é o nome moderno do bondinho no Brasil. O famoso tramway que continua tramway na Europa, constrastando com os carros e ajudando no transporte em varias cidades em que estivemos como Karlsruhe, Bruxelas, Atenas, Strasbourg, Lyon e Praga, e com um charme especial em Portugal com bondinhos no estilo antigo em Lisboa e no Porto.

Era uma vez um VLT em Brasilia
Brasilia escolheu construir o VLT, a ser fornecido por um consorcio cuja tecnologia ficaria por conta da Alstom, megaempresa francesa que fornece equipamento ferroviario (trens, metrôs, tramways) entre outras coisas. Aqui perto de casa tem um escritorio da Alstom em um galpao, que se nao me engano é ligado ao braço deles que atua no setor hidroelétrico. Se estiverem precisando de usina nuclear em seu estado eles também constroem.

Mas falando dos VLTs, a Alstom implantaria em Brasilia os modernos Citadis, o mesmo tipo usado em Grenoble, onde atualmente moramos. Video em português explicando neste link do Youtube. Chegaram até a exibir o danado em Brasilia, como mostra este outro video. Mas, como Brasil é Brasil, a obra foi parada pois descobriu-se que foi SUPER FATURADA EM QUATRO VEZES. Era uma vez um sonho de primeiro mundo.

A Alstom também envolve-se em escândalos e esta ficando famosa em dar propina pelo mundo afora. Corrupçao nao é coisa so de brasileiro. A diferença é que no Brasil é exagerado e vai do policial da esquina ao pessoal do alto escalao do governo.

VLT "da mulestia"
Correndo por fora da Copa, surge o Metrô do Cariri (foto do post), usando VLTs em pleno sertao cearense. Minha admiraçao para os visionarios cearenses, que surpreenderam com a Troller no ramo automotivo, e agora com os VLTs fabricados pela Bom sinal. Tramways nacionais! Tramways brasileiros! Que sejam inferiores aos da Alstom, mas eles sao adaptados à realidade econômica do Brasil. Eu explico. A Bom Sinal argumenta que os atuais tramways usados na Europa, por exemplo, nao sao viaveis na maioria das cidades do Brasil devido ao alto investimento nas linhas elétricas que alimentariam os tramways. O custo por km seria muito alto. A quantidade de passageiros a ser transportada deveria ser muito alta para justificar os investimentos.

Para cidades de médio porte, como as capitais nordestinas, o ideal seria um VLT a diesel, que é o que eles produzem. Ele transporta mais passageiros usando menos combustiveis que ônibus, e o impacto no transito de veiculos automotores é minimo. Um argumento altamente gambiarra é o de aproveitar a malha ferroviaria existente, ajudanto os governos a nao investirem em novas linhas férreas. Gambiarra ou nao, a Bom Sinal esta em expansao. Maceio, Recife e Fortaleza sao outras capitais nordestinas que estao ou estarao em breve utilizando VLTs Bom Sinal.

Salvaçao do Caos do Trânsito Urbano
O transporte sobre trilhos de fato reduz o trânsito caotico das grandes metropoles.Talvez em Recife estes investimentos no VLT nao consigam trazer uma melhor significativa para o trânsito, pois os VLTs da Bom Sinal nao serao os usados nas linhas principais do metrô, nem para Sao Lourenço. Eles substituirao os velhos trens a diesel feioes que iam até o Cabo. O atual sistema de metrô ja funciona desde os anos 80, com algumas expansoes, mas sempre voltado para o suburbio. Enquanto em grandes cidades o conceito de metrô é urbano, em que você sai da estaçao e ja esta no centrao, o metrô de Recife é suburbano. O objetivo inicial dele foi de ligar o suburbio ao centro. Existe UMA estaçao no centro, e eu diria ainda que é "periferia do centro". Para os que conhecem Recife, imaginem um metrô passando pela Av. Conde da Boa Vista ou pela Agamenon Magalhaes. Isso sim seria o conceito de metropolitano que se usa nas grandes cidades. Agora vao fazer um "puxadinho" para chegar até a cidade do estadio da Copa, Sao Lourenço da Mata, quase saindo da Regiao Metropolitana do Recife em area limìtrofe com a Zona da Mata.

Os usuarios do metrô em Recife sao pessoas que utilizariam transportes publicos de uma maneira ou de outra. Enquanto nao houver metrô nos bairros de classe média, o metrô nao representarà reduçao de trânsito. Por exemplo, um metro cortando o coraçao de Boa Viagem e indo até o centro salvaria a cidade do caos crescente. Vejam o exemplo na França, salva por tramways:



No Ceara nao tem disso nao
Apesar de tramways funcionarem em varios paises, nao creio que o modelo de mistura-los com o trânsito de carros daria certo. Acho que deve ser metrô elevado (ex: Recife) ou subterraneo (ex: Sao Paulo).
No Brasil nao motorista educado, nao senhor(a). Se eu ja vi colisao com tramway na Alemanha, imagina com os motoristas mal-educados brasileiros. Olha o desrespeito dos motoristas combinado com a provavel falta de sinalizaçao no Metrô do Cariri:


Além de outros transtornos como este aqui, causado pela falta de passagens sobre ou sob os trilhos:


Acho que nao adianta querer imitar o primeiro mundo. Nosso povo é diferente. Precisamos adaptar as boas idéias à realidade brasileira, até que as geraçoes futuras se eduquem, em diversos aspectos inclusive em educaçao no trânsito. O tramway, aliàs, o VLT, ja temos no Brasil e Made in Brazil, falta apenas adaptar melhor a um modelo compativel com a realidade nacional.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Brasileiros em Grenoble II

O post anterior puxou esse outro aqui.
Apesar das dezenas ou mesmo centenas de brasileiros, eu nao conheço muitos. Coisa minha mesmo. A maioria dos brasileiros que conheci aqui e com quem mantenho contato acho que foi através de minha esposa. Nao sou muito simpatico com estranhos. Acho que nem sou muito simpatico, apesar de brincalhao. Se eu ver alguém falando português é muito dificil que eu venha a falar "Ah, você é brasileiro? Quer ser meu amigo?". Aprendi a ser desconfiado com brasileiros pelo fato de eu ter morado alguns anos nos EUA, onde brasileiros dizem pra "ter cuidado com brasileiro". Estranho que sempre me falavam para nao confiar em mineiro de Governador Valadares. Nao entendo porque logo de Valadares. Eu até conheci um pizzaiolo muito gente boa que era valadarense, e que dizia também pra nao confiar em gente de Valadares. Bizarro. Mas eu nao confiava nele.

Na França, minha posiçao mudou. Nos EUA eu era um pobre trabalhador tentando a vida, na França eu sou um pobre estudante tentando a vida acadêmica. Essa historia de desconfiança parece mudar com estudantes, pelo menos foi o que vi por aqui. Nao acho que tenha esse negocio de passar a perna ou de querer se aproveitar, como acontece com muito imigrantes brasileiros em paises de primeiro mundo.

Entretanto, minha esposa conheceu uma pessoa que me fez voltar a pensar no que dizia meu colega pizzaiolo valadarense. O contato com essa amiga foi, de uma maneira geral, algo do tipo "Oi, sou brasilieira também. Quer ser minha amiga?". Em um local publico ela ouviu que eu conversava em português com minha esposa. Amizade relâmpago que deixou minha esposa muito magoada. Nada de passar a perna ou de se aproveitar, mas foi coisa de mulher mesmo. Coisa de amizade, falsidade e diversos outros fatos bizarros, que terminou chateando minha esposa. Falo sempre pra ela que essa amizade estranha terminou servindo para colocar outras pessoas legais no caminho dela. Coincidentemente (ou nao) essas pessoas legais terminaram se afastando da tal amiga de comportamento questionavel.

Filho, nao fale com estranhos
Acho que aprendi bem aquele conselho que ouvimos quando criança: "nao fale com estranhos". Nao importa a nacionalidade. Talvez se eu estiver a Sibéria e passar por um cara com fisionomia de brasileiro falando português eu possa puxar papo. Talvez. Mas nao o farei em Grenoble, Paris, Tokio, ou onde for. Se a pessoa estiver no meu circulo social, eu tento falar, claro. Nao sou chato de galocha. Apenas chato. Por exemplo, se o compatriota estuda na mesma sala que eu, eu me dirijo até ele e troco idéia, claro. Se for do meu laboratorio, vou trocar idéia sempre, tomar café, falar de futebol, do Brasil, da França, de computaçao ou do que for. Esta "promiscuidade" em fazer amigos é algo natural quando se esta longe da terrinha. Em Manaus por exemplo, existe uma confraria de pernambucanos, que fundou o Galo de Manaus, em homenagem ao Galo da Madrugada de Pernambuco. O maior bloco de carnaval do mundo! Lembram da megalomania pernambucana de que sempre falo?

Quanto à promiscuidade em fazer amigos por aqui, tive algumas experiências traumatizantes, duas delas relatadas a seguir, e uma positiva:

Brazuca chato No. 1
Levei um "/ignore" no primeiro evento de doutorandos que fui no LIG. Fui ver o poster de um cara e ja cheguei perguntando "Você é de que estado? Bla bli". Ele respondeu o que eu tinha perguntado. Depois falou um "da licença" virou as costas e foi falar com sei la quem. Baixei minha cabeça, enterrei o queixo no peito, botei a mao esquerda no bolso, chutei o vento, enxuguei a lagrima com o indicador direito. Dramatico, nao é? Brincadeira. Apenas pensei, com muita raiva: "FDP, e eu perdendo tempo aqui querendo dar uma de simpatico. Por isso nao falo com esses brazucas metidos a merda que se acham alguma coisa por que estudam na Europa". Bom, essa uma teoria de uma amiga de minha esposa que ja voltou para o Brasil, pois ela também teve encontros deste nivel com outros brasileiros. Sei la. De repente nao tem nada a ver. Talvez ele fosse pouco simpatico, como eu. Ou nao. Vai saber...

Brazuca chato No. 2
Depois de dois anos, o trauma de "busca aleatoria de amigo compatriota" passou. Tentei estabelecer contato ano passado com outro homo sapiens sapiens brasiliensis. O especime era especificamente um homo sapiens sapiens brasiliensis australis que aparentemente tentava acasalar-se com uma homo sapiens sapiens norvegiana. Tenho bons amigos mexicanos, que sao da minha equipe, e estavamos na festa de aniversario de outro mexicano. Um deles chegou pra mim e falou "tem um amigo brasileiro teu aqui, vamos falar com ele". Fui até o compatriota que cortejava a gringa, cumprimentei-os e me apresentei. Depois de um dedo de prosa em nossa lingua mae, falei pra ele que meu amigo mexicano sabia falar português. Ele vomitou todo o linguajar polido que eu o havia ensinado. Eram frases complexas, que iam de elogios à mae a questionamentos sobre a sexualidade. Nao tinhamos bebido tanto. O (fingiu que) riu da brincadeira, e trocamos mais meio dedo de prosa. O compatriota revelou-se ser um homo sapiens sapiens brasiliensis australis stupidus e manifestou um pouco de pressa e repelência ao falar conosco. Eu e meu amigo borracho percebemos e nos afastamos. Este me disse "tus amigos brasileños son todos unos pinches culeros", que esta longe de ser um elogio. Ainda bem que eu nao ensinei piada de gaucho, senao a conversa teria sido mais breve ainda.

Brazuca Bacana
Rarissimas sao as exceçoes de eu "falar com estranhos". Uma delas foi no aeroporto de Lisboa. Olhei pra um cara, e do nada perguntei "tas indo pra Recife também?". Sim, ele estava indo. E ele tinha vindo de Grenoble. E tinha dormido no aeroporto de Lyon na noite anterior, igual a mim. Tinhamos tomado o mesmo ônibus Grenoble-Lyon e o mesmo aviao Lyon-Lisboa. E nao lembramos de termos nos visto la. Em Lisboa ficamos conversando, tomamos o mesmo aviao para Recife, mas viajamos em poltronas distantes. Ele voltaria alguns meses depois para um pos-doc de um ano. Passei o endereço do blog pra ele ver se achava alguma informaçao util e mantivemos contato desde entao. Hoje somos bons amigos, ele ja esta de volta à Maceio, e tenho certeza que manteremos contato apos retornarmos ao Brasil.

Nada contra
Que fique claro: nao tenho nada contra brasileiros. Apenas nao sou de fazer amizade em paradas de ônibus/tramway nem sou de procurar comunidades de brasileiros. Para os recém chegados, ou que planejam vir, nao levem em conta minha experiência. Ela é a minha. A de vocês pode ser outra. A brazucada aqui é animada. Busquem as comunidades do Orkut (até quando ele existir) onde o pessoal organiza peladas, churrascos, festas, etc ou vao ao Bukana pub, onde sempre tem evento brasileiro. Mas tentem nao esquecer de que vocês vieram (ou virao) aqui para estudar.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Brasileiros em Grenoble

Grenoble recebe estudantes brasileiros ha um bom tempo. As universidades possuem antigos convênios com a UFRGS, além de outros com outras instituiçoes como USP e varios programas de intercâmbio de estudantes.

Nesta época do ano começam a chegar alguns brasileiros por aqui. Estava eu esperando o tramway B no campus deserto em periodo de férias. Atravessam a linha do tramway três brasileiros: um rapaz e duas moças. Pareciam recém chegados que provavelmente acabaram de abrir conta no Société Générale, pois saiam da agência e falavam em bolsa e nao sei quantos euros e nao sei o que mais. Percebi que eram compatriotas, provavelmente de SP ou PR, dados os erres caprichados. Continuei caladinho lendo la no banquinho da parada mas com dificuldade, pois nòs brasileiros somos muito barulhentos. Chegou outro cara, de mochila, caminhando e fica em pé la na mesma parada.

Depois de um tempo o tramway vem chegando e o trio brazuca fala "esse é o B, mas o C nao aparece no horario ali do painel". O rapaz de mochila que estava em pé, ao lado, fala em português do Brasil: "pra onde vocês querem ir? O tram C nao esta passando aqui". Aih eu falei também, no meu dialeto pernambuquês compreensivel em quase toda Terra Brasilis: "Oxe! Até u dia 21 u terminau dêli é na parada Les Taillées. Vocêr teim ki trocà di tram la, visse?"*. O rapaz do trio brazuca fala, com muito espanto: "Nossa! Todo mundo é brasileiro aqui?".

Bienvenues à Grenoble. Alias, bem vindos à Grenoble. Em português mesmo.

* A bizarra transcriçao fonética nao padronizada é meramente ilustrativa e exagerada. Num total de 9 anos morando fora de Pernambuco e convivendo com brasileiros de diversos estados, meu "sutaki" enfraqueceu, mas continua pernambucano.
Versao em pernambuquês: Essa frase foi so pra arriar, ta ligado véi?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Headhunters e outra laranja azeda

A Orange é uma empresa de origem britânica que foi comprada no ano 2000 pela France Télécom (FT), uma estatal francesa que ha alguns anos tornou-se economia mista, tendo capital aberto mas com o governo frnacês sendo um dos maiores acionistas. Pequeno parentêses: a FT é aquela empresa que de vez em quando aparece noticia falando da onda de suicidios devido a supressao de empregos supostamente estaveis.

Voltando à laranja, ela é uma marca presente em quase toda a Europa e em expansao na Africa. Apesar da giganteza da FT (empresa ocupando a posiçao 105 no ranking mundial, segundo o Wikipedia), imagino que a marca France Telecom deixara de existir em breve e dara lugar à Orange, tipo a Oi substitui a marca Telemar. Hoje em dia, na França, a Orange é fornecedora de telefonia movel, Internet, VoIP e TV por assinatura, com milhoes de usuarios, além de prestaçao de serviços de consultoria em Informatica. Os laboratorios de pesquisa FT foram rebatizados ha alguns anos e chamam-se Orange Labs (mais um sinal da mudança gradativa para o nome Orange). Sao 18 laboratorios de pesquisa no mundo todo, 8 deles na França, sendo um em Grenoble.

Laranja 1
A Orange é aquela empresa com nome de fruta que falei aqui, sobre o pos-doutorado fechado que declinei. Como parte do processo informal do convite, eu ainda fui no fim de abril apresentar minha pesquisa la. O que fiz no mestrado e continuei no doutorado. Era semana de férias la e ainda assim foi bastante gente assisitir. Depois da minha apresentaçao de 1h15 ainda teve bastante discussao e otimas criticas e sugestoes que me ajudaram na escrita da tese. Ao final, serviu como uma pré-defesa, mas o pos-doc ja estava azedo desde janeiro/fevereiro.

Laranja 2
Coincidentemente, eu estava de passagem no laboratorio hoje e recebi uma ligaçao de uma pessoa da Orange Labs dizendo que viu no calendario de defesas de tese da universidade de Grenoble que eu estava com minha defesa agendada. Ele falou que o meu perfil se encaixava para trabalhar num projeto de pos-doc de um ano para o desenvolvimento de middleware para a Livebox, um modem multifunçao usado para TV, Internet e VoIP (nosso segundo serviço de Internet, descrito neste post) e creio que o produto que é o principal alvo dos projetos de pesquisa, inclusive o da laranja azeda numero 1.

Como o cidadao estava procurando alguém para esta vaga, ele perguntou se eu estava interessado na oferta e se poderia me enviar detalhes. Expliquei que eu estaria sim, mas por uma decisao familiar eu volto para o Brasil apos a defesa da tese. Azedou de novo a laranja. Perguntei até se ele conhecia André, o contato da laranja 1, e ele disse que sim mas que eram de equipes e projetos diferentes. Passei o contato de três outros colegas que seriam potenciais candidatos. Ou é coisa de "destino" querendo que eu fique na laranja, ou realmente é uma mega empresa com um gigante braço de pesquisa com varias oportunidades. Considerando o principio da navalha de Ockham, eu ficaria com a segunda explicaçao.

Headhunters e a Internet
Informaçoes publicadas na Internet ajudam muito a expor o profissional. Graças ao meu perfil no LinkedIn, fui contactado em diferentes momentos por três headhunters oferecendo oportunidades na Irlanda, India e França, respectivamente. A oportunidade da Irlanda era muito tentadora, com uma oportunidade bem no meu perfil e para trabalhar com OSGi (a implementaçao feita na minha tese se apoia nesse "bagulho").

Minha pagina pessoal também serviu para me contactarem. Uma empresa italiana propôs dar um treinamento de MS-Office em Angola, alegando que o fato de eu falar português e estar baseado na Europa me qualificaria. Nao sei de onde vieram com a parte do Office... Tem um caso meio viajado de um(a) chinês(a) que me viu o site pessoal e me contactou pelo LinkedIn também, enviou um email mal escrito em inglês dizendo que gostaria de fazer pos-doc na minha equipe e perguntou se eu poderia dar-lhe uma oportunidade. O inglês da pessoa ta ruim ou ela tem disturbio de atençao, pois se lesse o texto do site e do LinkedIn veria que sou PhD student.

Eu nao tinha duvidas que a Internet é uma otima vitrine profissional, e depois destes contatos aleatorios pude ver que realmente tem gente por aih "caçando cabeças" baseando-se em informaçoes encontradas na rede.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Médicos 24h

Falei da saga de minha esposa em hospitais em outro post, e frequentemente nossa filha adoece como todo bebê que esta desenvolvendo o sistema imunologico. Varias vezes precisamos de consultas de urgência e como ja estamos acostumados com o péssimo atendimento de urgência, digno dos hospitais publicos brasileiros, muitas vezes acionamos o serviço médico de urgência por telefone.

Como nao temos familia aqui, ficamos meio desesperados quando aparece doença. A ultima "mazela" foi mês passado, quando apreceu uma infecçao renal em minha esposa, logo apos minha filha ter adoecido (acho que era um resfriado). Ficaram as duas doentes e meu nivel de pânico subindo com tese pra terminar e o povo todo doente aqui. Mesmo depois de medicada minha esposa estava tendo febre perto de 40°C. Liguei pra um serviço de urgência do SAMU*, que sempre usamos (08 10 15 33 33). O médico atende em alguns minutos e depois da descriçao dos sintomas e de ter falado da medicaçao, ele sugeriu mudar para Ibuprofeno, que tinhamos em casa. Funcionou que foi uma beleza. Niquel, como dizem aqui. Logico que o cara do outro lado nao é negligente e vai receitar remedio controlado. O maximo que ele faz é sugerir tratamento.

Foram muitas vezes que ligamos, mas eu so consigo lembrar especificamente de alguns casos:
- Constipaçao de mais de 48h do bebê (narrado aqui)
- Queda de bebê batendo cabeça no chao (nao deixar ele dormir logo apos a queda e observar durante as proximas 24h se algo fora do comum se passa)
- Infecçao renal da esposa (caso acima)

Toda a assistência que tivemos aqui no pré-parto e pos-parto, creche, serviço médico por telefone, entre outras coisas, nos supriu bastante a falta dos conselhos de nossos pais e demais parentes. Claro que a familia é insubstituivel do ponto de vista afetivo, mas o meu ponto aqui é que a assistência que nos foi dada nos deixou bastante seguros em varios momentos onde o desespero toma conta de alguns casais que sao pais de primeira viagem.

Para os que estao no Brasil fica o relato, e para os que estao na França fica o relato e a dica, caso precisem de um médico de madrugada.

* Numero usado na regiao de Grenoble para falar com médicos de plantao nos horarios de 18h as 8h e em fins de semana e feriados, em caso de emergências nao vitais. Nao sei informar se o serviço é em toda a França. Verifiquem o SOS médecins caso esse numero nao funcione em sua regiao.
Caso seja algo muito sério, discar para o SAMU usando o numero 15.