quarta-feira, 1 de abril de 2009

Coelho

Coelho é bem comum de se comer na França. Em todo mercado tem pra vender. Eu nunca tinha comido. Não é nada de super exòtico, pois em Recife lembro de um lugar no bairro da Madalena que sempre vendia (não sei se ainda vendem là). Hoje aproveitei que a esposa està viajando (e vai me matar quando ler isso) e comprei um coelho. Abatido, pra cozinhar mesmo. Ela morre de nojo quando passa pela parte do supermercado onde tem os bichos là esticados pra vender.

Foi estranho. Abri a bandejinha de isopor e o coelho estava inteirão, igual na foto ao lado. Tive que tirar rins, fìgado, pulmões e coração. Até a traquéia dele tive que arrancar. Sensação muito estranha a de tratar um mamìfero deste porte. Confesso que em alguns momentos perdi a fome e a vontade de continuar tratando o bicho. Não vemos os animais que comemos como animais, vemos como produto. Sò que esse produto, quando tirado da embalagem não era um filé, uma fatia de presunto ou um hamburguer, estava claro que era um animal com o corpo ali esticado. Um mamìfero igual a mim. O olhão estava no crânio do bicho, me olhando...

Foi um momento de reflexão, com um quê de aula de anatomia. Durante os cortes, perguntava-me porque somos tão hipòcritas (somos, ou seja, eu incluso) de achar bonitinho um coelhinho, até mesmo uma vaca, e comermos o animal, na verdade "um produto" para nòs consumidores hipòcritas. Temos conhecimento e tecnologia suficiente para não precisar comer carne animal. Mas é gostoso e gera muito dinheiro. Consegui cozinha e comer o coelho, que lembra o gosto de galinha. No final, a hipocrisia venceu.

Um comentário:

Líviany Moura disse...

Poxa, não precisava dessa foto, de tantos detalhes... Triste é a nossa hipocresia!

:oS