sexta-feira, 6 de maio de 2011

Fluxo

Alguém ja ouviu falar do Fluxo, de acordo com a psicologia?
Quem é programador vive isso todos os dias, e se o caro leitor programador ao final do post nao se identificar, nem nunca tiver vivido uma situaçao mental de "fluxo", sugiro mudar de profissao pois programar deve ser doloroso para você. Aos leitores nao-programadores, acredito que ja devam ter vivido situaçoes similares em tarefas que exigem concentraçao, como escrever (chat e email nao vale, ok?) .

Segundo o Wikipedia, o fluxo é
um estado mental de operação em que a pessoa está totalmente imersa no que está fazendo, caracterizado por um sentimento de total envolvimento e sucesso no processo da atividade. Proposto pelo psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi, o conceito tem sido utilizado em uma grande variedade de campos.
Alguns dos componentes do estado de fluxo:
  1. Objetivos claros (expectativas e regras são discerníveis).
  2. Concentração e foco (um alto grau de concentração em um limitado campo de atenção).
  3. Perda do sentimento de auto-consciência.
  4. Sensação de tempo distorcida.
  5. Feedback direto e imediato (acertos e falhas no decurso da atividade são aparentes, podendo ser corrigidos se preciso).
  6. Equilíbrio entre o nível de habilidade e de desafio (a atividade nunca é demasiadamento simples ou complicada).
  7. A sensação de controle pessoal sobre a situação ou a atividade.
  8. A atividade é em si recompensadora, não exigindo esforço algum.
  9. Quando se encontram em estado de fluxo, as pessoas praticamente "se tornam parte da atividade" que estão praticando e a consciência é focada totalmente na atividade em si.

Isso nao tem nada de exclusivo aos garotos e garotas que fazem programa (tô falando de software!). Quando eu trabalhava como programador. Perai, como desenvolvedor é mais legal. Ou melhor, Engenheiro de Software, para ficar bonito. Existe ainda um pseudo-posto de Engenheiro de Software metido a besta: Arquiteto de Software, mas eu prefiro ser um Engenheiro de Software que trabalha com arquiteturas :)

Bom, voltemos ao flow. Depois de alguns minutos concentrado no que estava fazendo, sem interrupçao, eu imergia de tal forma que na minha cabeça estava separado cada pedacinho do que estava fazendo. Sabe o Firefox com varias abas abertas? Seria algo proximo da explicaçao que posso dar de como ficam as coisas na minha cabeça. Talvez haja um exemplo melhor. Você roda o programa, da um errinho, nem precisa ler a mensagem pois rapidamente você lembra daquele apostrofo que digitou errado, ou o ponto e virgula que achava que faltou.

Quando o fluxo esta bom mesmo, consigo escrever codigo por minutos ou às vezes horas (bons tempos esses das horas a fio) , compilar e nao dar erro, executar e o negocio funcionar. De primeira. E quando nao funciona de primeira, você ja sabe ir direto ao ponto onde deu errado, pois tudo ta na tua cabeça. Quando entro no fluxo o envolvimento com o que estou fazendo é tao grande que podem até falar comigo e nao vou perceber, pois estou em outro lugar. Tem que gritar meu nome ou me catucar, pra me trazer de volta deste estado mental, do lugar que alguns programadores gringos chamam de "the zone".

Bem, hoje demoro para entrar no fluxo. As vezes horas. O contexto mudou. No laboratorio cada um trabalha no seu projeto e no seu ritmo. Ha muitas interrupçoes. Em casa tem um bebê pedindo atençao e é complicado entrar no fluxo.

Agora escrevendo a tese complica entrar no tal do fluxo. Agora ha pouco estava descrevendo na tese minhas implementaçoes, o capitulo que me permite entrar no fluxo mais facilmente pois de certa forma "revivo" o que programei e tenho que descrever aquilo de forma textual mais alto nivel, com diagramas, etc. La estava eu agora no fluxo, falando das dependências intercomponentes fizemos assim porque assado dava isso, patati patata. Minha filha, que cochilou logo depois do almoço, da uma sequencia de tossidas. Vou no quarto dela ver o que foi. Coloco a chupeta de volta na boca dela. Aproveito e faço um carinhozinho na minha bela adormecida :)

Volto para o computador. O fluxo foi embora. Tento escrever de novo, aos poucos os componentes aparecem de novo na minha cabeça, crio um exemplo na cabeça começo a descrever, lembro de um problema que nao tratei e tento começar a descrever antes que esqueça que problema era esse que nao tratei.
O telefone toca. Adeus, fluxo. De novo.

Volto para o computador, puto da vida por dois fluxos rapidamente "adquiridos" terem sido perdidos. Cadê o problema que ia começar a descrever? Esqueci! Fiquei mais puto ainda, e vim falar do fluxo aqui.

Um comentário:

Doce Sucre disse...

... E você ainda consegue ter fluxos...!

Bj