sábado, 25 de junho de 2011

Algumas verdades sobre fazer doutorado II

Continuando a série "Algumas verdades sobre fazer doutorado", achei a imagem abaixo (cliquem nela pra vê-la inteira) no protoscholar.com, que por sua vez referencia outro site.
Nela podemos constatar a dura realidade dos doutorandos nos EUA:
  • Alto custo financeiro
  • Processo sofrivel (isso é normal no mundo todo), agravado pela dificuldade de financiamento/bolsas
  • Grande dificuldade de empregabilidade: ha muitos doutores no mercado e poucos empregos sendo gerados para seus perfis.
  • Nao ha retorno financeiro garantido
O Brasil ta num caminho parecido quanto à empregabilidade. Depois do programa Reuni (Reestruturacao das Universidades) do governo Lula houve grande aumento de vagas pra doutorado nas federais. Nao ha nem havera empregos suficientes para os doutores atuarem em suas areas. Nao falo de desemprego. Doutor quer pesquisas. Você acha que quem tem doutorado em Farmacia quer trabalhar em uma drogaria? Claro que nao! Ele quer provavelmente desenvolver novos medicamentos. Sera que tem mercado pra isso?

Falando em minha area, Computaçao, nao falta emprego pra desenvolver software. Mas eu nao quero. Quero pesquisar e desenvolver novas tecnologias e metodologias pra quem desenvolve software. Ao invés de usar ferramentas, eu quero criar as ferramentas. Nao sei se fui claro para os que nao sao da area.

Ha centros de pesquisa no Brasil? Sim, poucos. Empresas de tecnologia investem em pesquisa no Brasil? Sim, poucas. Como no Brasil ha o mito de que "lugar de pesquisa é na universidade", é la que vou procurar, mas parece que a proporçao de candidatos por vaga tem aumentado. Vamos la! Se nao der certo, voltarei a desenvolver sistemas de informaçao e vou pendurar na parede de meu [cubiculo|open space|baia] um diploma numa linda moldura. E escrito em francês. Chic né?



Baratas e vizinhos: a limpeza

Continuando o problema (ou a resoluçao dele) relatado aqui, sobre as baratas vindo da casa de uma vizinha. Uma empresa de limpeza veio limpar a bentida (maldita?) casa. Quando fui para o laboratorio olhei para cima. Quando estava saindo para ir para a universidade olhei pra cima e vi que tinha um cara de mascara, luvas e roupa de bloco cirurgico que estava limpando. Abriu as portas e janelas, e na rua tava um mal cheiro esquisito. E olha que é 3o. andar. Imagina se fosse térreo.

Depois minha esposa tirou foto do resultado e mandou pra mim por email dizendo "E a limpeza ainda nao acabou". Eles ainda vao voltar semana que vem.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Déclaration de Revenus en ligne

Enfim, um "rapido" post com coisa util.
Ultimo dia hoje na França pra declarar impostos. Sempre fazia no papel. Apenas assinava a folha preenchida que eles mandavam ja constando:
- Parte taxavel de todos os meus salarios (Université Joseph Fourier + Ensimag Grenoble INP)
- Idem para minha esposa
- Juros que a poupança (compte sur livret) rendeu.

Acabo de fazer online esse ano. Igual ao papel, tava tudo preenchido. Apenas adicionei os dados de nossa filha, e no final ainda te dizem quanto tem que pagar. Fiquei feliz. Esse ano nao precisaremos pagar. Obrigado, filha :)

Fica a duvida: se no Brasil quem ganha acima de certa faixa tem imposto retido na fonte, significa dizer que o governo sabe quanto você ganha (para os que tem carteira assinada, claro). Entao, qual a razao de termos que preencher toda vez os ganhos com salarios e investimentos, se eles ja tem esses dados?
Se você preencher errado, a malha fina pode descobrir. Novamente a pergunta:
qual a razao de termos que preencher toda vez os ganhos com salarios e investimentos, se eles ja tem esses dados?
Continuo com a mesma suspeita que comentei aqui, hà dois anos (ta ficando velho e extenso esse blog).

Minha ultima declaracao no Brasil foi de 2007. Sera que mudou? Eu ficaria surpreso se sim.

Baratas e vizinhos

Ainda nao é post util. Apenas um relato chocante e horrendo (no final entenderao o porque).
Baratas. Certamente os insetos mais odiados pela humanidade.
Começou a aparecer um bocado aqui em casa ha uma semana.
Uma aqui. Outro dia uma outra ali.
Aparecendo duas, três.
Compramos uma armadilha ecologica com uma supercola, sem veneno. Antes de aparecer a primeira barata "capturada", a isca selou o destino de 3 mosquitos e uma aranha. Baratas continuavam vagando. Sorte que sao pequenininhas. Nao sao iguais a "barata americana", aquela cascuda que tem no Brasil. Tem umas bem pequenininhas, escuras e arredondadas, e outras um pouco maior mas compridas como a da foto.

Achamos que fosse migalhas de comida no chao (muuuuito mais frequentes depois que nossa filha começou a andar) e começou uma paranoia de limpeza em casa. Agora a casa vive cheirando a produto de limpeza.

Hoje pela manha minha esposa falou com a zeladora, uma oriental, acho que o nome dela é Ka. Fofoh Ka. A mulher sabe da vida de todo mundo e quando conversa com minha esposa passa um relatorio detalhado. Depois de ser informada sobre as baratas e de ser interrogada sobre a possivel origem, dona Ka, falou com muita certeza: elas estao vindo do terceiro andar.

Em setembro ou outubro apareceu uma "nova" moradora aqui, que na verdade é antiga moradora do prédio. Cerca de 60 anos, é proprietaria do apartamento, mas que estava internada num hospital psiquiatrico. Com o passar do tempo ela começou a jogar pela varanda, com frequência, latas e garrafas (vazias) de cerveja, restos de comida (estragada!) e até calcinha borrada com freio de trator, nao é nem freio de bicicleta.

Ha umas duas semanas esta tudo tranquilo. Comentamos essa semana sobre a 'paz' que reina no prédio, e eu até falei pra minha esposa: "foi dia das maes, e talvez o filho dela tenha se reconciliado e a levou pra morar com ele". Ela tem um filho, portanto imagino que um dia ela trabalhou, foi casada, teve "vida normal".

Madame Ka, Fofoh Ka, falou para minha esposa que a vizinha foi levada pela saude publica. Os enfermeiros ou sei la o quê que entraram no apartamento precisaram de luvas e mascara, dadas as condiçoes de higiene no local. FEZES HUMANAS ESPALHADAS NO CARPETE, pisadas, espalhadas por todo lugar, comida estragada e tudo impregnado de cheiro de cigarro.

Aqui na França parecem tentar integrar doentes mentais à sociedade. Tem muita gente com sindrome de Down que anda sozinho aqui, por exemplo. Acho certa esta integraçao, mas pode ser perigoso em alguns casos, como o do esquizofrênico que matou um rapaz na rua onde moravamos, sem motivo algum.

No caso da nossa vizinha ela nao tinha condiçoes de ficar sozinha, além de ser risco. Eu quase levei uma batatada na cabeça uma vez. Pra ter idéia do grau de insanidade, avistaram ela uma vez defecando ao ar livre num estacionamento aqui perto. Nao sei se foi efeito do abaixo assinado para leva-la daqui, mas levaram ela e o cachorro dela (sim, ela tinha um cachorro e o coitado latia muito). Foi melhor para todos. So que, literalmente, eles deixaram a merda pra tras e agora ta virando caso de saude publica o apartamento podre cheio de baratas.