domingo, 27 de setembro de 2009

A baixa qualidade dos produtos do Brasil (especialmente no Brasil)

Ontem minha esposa achou biscoito Maria num supermercado daqui. Produto de origem espanhola. Ela me falou que lembrava o biscoito Maria de "antigamente" là do Brasil. Peguei o pacote e provei um. Ela tinha razão. Não sei se todos tem isso de comer algo e lembrar de alguma época, mas lembranças de minha infância vieram à tona. Mas e o biscoito Maria de hoje? Não sei se todos os brasileiros lembram que a qualidade de alguns produtos relativamente tradicionais vem caindo com o passar dos anos. O biscoito Maria jà não tem comparação com o de antes, não importa qual a marca. Biscoitos Bono (que quando eu era criança nem tinha esse nome) também caìram de qualidade, e até aqueles Divertidos (que virou Passatempo) que hoje eu não como nem de graça. Queda da qualidade pra não subir preço ou para aumentar lucros? Muda o nome do produto, derruba a qualidade e aumenta o preço.

Meu pai falava que quando ele era criança, a mãe dele na cozinha abria uma lata de biscoito cream cracker da Pilar (vinha em lata!) desenrolava o papel não sei o que (ou era papel manteiga ou papel alumìnio, não lembro) e ele sentia o cheiro na sala. E por que hoje uma cream cracker não é tão apetitosa? Troca de ingredientes do preparo como manteiga por margarina vegetal, depois por alguma outra gordura vegetal de pior qualidade? Farinha de trigo A por Z?

Embalagem
Ficamos impressionados aqui com a qualidade dos produtos aqui na França. Não compramos coisas caras. Damos sempre preferência aos produtos "da casa" nos supermercados. Mas a qualidade na grande maioria das vezes supera os produtos caros brasileiros. Laticìnio não tem nem o que dizer, pois a França tem excelência nesse setor. Os produtos marba (marbarato) dão de chinelo nos marca (marcaro) brasileiros. Jà que estou falando de biscoito, vamos usà-los como referencial. Tem uns biscoitos baratinhos, pacote a menos de um Euro, com a embalagem cheia de frescura, com proteção lateral em sanfoninha pra não esfarelar a borda. Outro pacotes de biscoito a menos de um Euro, cobertos com chocolate ao leite (tudo bem que o percentual de cacau não é igual ao de uma barra de chocolate) e uma embalagem também super high-tech. Outros entre 1 e 2 euros, com gavetinha de plastico embalado em papel alumìnio pra "manter o frescor". Manteiga pra entupir a veia de um, o que faz uma diferença muito grande no sabor.

Arabica ou robusta?
E o café? Como podemos explicar que eu compro café brasileiro de melhor qualidade (tipo aràbica) que o café das prateleiras (tipo robusta) do Brasil? E quando se tem sorte de encontrar café brasileiro do tipo aràbica em supermercado brasileiro, geralmente é mais caro do que no exterior. Acreditem.
Aquela fama do café brasileiro no mundo não é com o café que compramos aì, é com o aràbica que é exportado.

Frutas
As frutas brasileiras que são exportadas são bem escolhidas. O que não passa no controle de qualidade (fruta amassada, calibre menor, manchas na casca, etc) são o chamado refugo, que vira suco ou é vendido pro consumidor local (no Brasil, claro!). O que é bom tem que ir pra fora. Pelo menos no quesito sabor, o da fruta comprada no Brasil tem chance de ser melhor do que a exportada, pois apesar de bonitas e sem manchas, as frutas tropicais que chegam aqui no primeiro mundo vem amadurecendo no caminho o que é bem diferente de amadurecer na àrvore.

Imagino que sempre deve existir um cuidado especial com a qualidade de produtos de exportação, mas serà que a diferença dos nìveis de qualidade tem que ser tão grande?

Chocolate

Terra de exportação de cacau, e um dos maiores produtores do mundo, não produzimos chocolate tão bom quanto o cacau. O chocolate europeu tem mais fama e qualidade. Nas embalagens de chocolate daqui da França, geralmente se indica o percentual de cacau daquele chocolate. Não temos know-how ou é pirangagem mesmo de colocar um pouquinho mais de cacau no chocolate made in Brazil?

Tudo isso pode parecer frescura de brasileiro metido morando na Europa, mas é um pouco de frustração, de revolta. Espero que no caso da Petrobras com tanto petroleo sendo descoberto não continue exportando oleo cru e importando refinado. Tem as explicações do tipo de petròleo leve versus pesado, custo de refinar, etc. Mas na Venezuela, que produz bastante petroleo, combustìvel é provavelmente mais barato que àgua engarrafada, pneu é brincadeira e as estradas são um tapete.

Enquanto sigo por aqui pela Europa vou aproveitando a qualidade dos produtos do meu Brasil com Z, export quality. Tomando café brasileiro de sabor suave acompanhado de um chocolatinho à base do melhor cacau brasileiro. Quando voltar pro Brasil vou de café robusta amargo (bastante açucar pra ver se melhora) com gordura hidrogenada sabor cacau, pois pobre não tem direito a comer as coisas boas do seu quintal senão falta pra vender na feira.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Perdeu um contato? O Google encontra

Hoje recebi uma mensagem, via LinkedIn, de mais um amigo que bateu acidentalmente neste blog através do Google. Outra surpresa legal.
Na vida de nômade de empregos, de cidades, fazemos muitas amizades que deixamos para tràs (sem trocadilhos de duplo sentido). Maravilhas tecnològicas como email, MSNs da vida e outras ferramentas ajudam a manter contato com essa galera. E o Google ainda te ajuda a encontrar, mesmo que acidentalmente.
Recentemente apareci em resultados de busca no Google de diferentes maneiras:
  • Quando estive no Brasil, um amigo falou de alguém que ele conhece que ia pra Irlanda e achou meu blog por acaso.
  • Alguém com quem perdi contato hà uns 9 anos me achou nesse blog pra pedir o fone de meu irmão :)
  • Ano passado um amigo achou esse blog pelo Google depois de ver meu nome num workshop da mesma conferência pra onde ele estava indo.
  • Uma estudante de mestrado da UFPE que veio fazer um estàgio aqui em Grenoble, achou esse blog pelo Google. Ela veio pra cà, eu e minha esposa a conhecemos pessoalmente. Por acaso, conhecemos um amigo dela em uma conferência na Grécia agora em agosto.
Google + Telefonemas
A busca mais interessante da qual fui "vìtima" foi feita por um amigo meu e de meu irmão, que conhecemos quando moràvamos nos EUA mas que tìnhamos perdido contato. Um dia provavelmente em 2004, recebo a ligação desse amigo. Depois de cumprimentà-lo com muito espanto e alegria, fiz a primeira pergunta: "como é que tu me encontrou?". Ele buscou pelo meu irmão no Google, e nada. Depois meu nome, e achou provavelmente esta pàgina com o fone de onde trabalhei. Ligou pra là, e eu jà não trabalhava mais na empresa. O cara que o atendeu não me conhecia, e passou a ligação pra um colega que tinha meu celular.

E viva o Google. Tem também o www.123people.com, que um colega meu do lab me mostrou mês passado.

Redes sociais e os Kievs do mundo
E não esqueçamos das redes sociais como orkut, facebook, etc. Neste fim de semana fui verificar quantas pessoas se chamam "Kiev" pelo mundo afora, ou pelo menos que estão registrados no Orkut. Achei homem e mulher (!!!). Tentei "Kiev Gama" e achei esse moleque. Meu mundo desabou. Por 30 anos pensei que fosse o ùnico Kiev Gama do mundo. Pela idade do garoto, acho que fiquei uns 20 anos sendo o ùnico.

Uma vantagem de ter nome assim é pra facilmente se encontrar em listas de vestibular, concurso, etc. Uma desvantagem é quando você, com o nome de uma cidade do leste europeu, encontra alguma pessoa daquela região. Em conferências eu fico de lado tentando encobrir o crachà quando vejo alguém da Ucrânia. Em junho, eu estava em uma conferência e senti um tapinha no ombro. O cara sorriu, tirou a carteira de identidade e me falou: "olha onde nasci". Dei um sorriso amarelo, e falei: "que legal!". Sim, o cara nasceu em Kiev...

O Google realmente ajuda a encontrar pessoas, mas como não são tantas pessoas que se chamam Kiev isso poupa o trabalho do usuàrio (ou não dada a quantidade de coisas relacionadas à cidade de Kiev). Mas Kiev Gama até agora sò tem dois ;-)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Dicas para o primeiro ano de tese


Apressados podem clicar aqui

Durante três dias consecutivos, no verão e todos os anos, a equipe onde faço pesquisa tem uma reunião em algum hotel de uma montanha da região de Grenoble, quase sempre no Sappey-en-Chartreuse. No segundo dia à tarde, pra quebrar o ritmo, uma caminhada na montanha. Neste post uma foto do Dent de Crolles, ao fundo, tirada do topo da montanha onde subimos.

Apesar de muito bacana, o objetivo não é o passeio, mas sim sair do ambiente de trabalho e se integrar durante os três dias, discutindo e criticando o trabalho de cada um. Uma espécie de mini conferência interna. Muito interessante a iniciativa e bastante proveitosa.

Cada doutorando apresenta o que fez durante o ùltimo ano (lembrando que ano letivo inicia em setembro), e dà uma idéia ràpida do que farà no ano seguinte. Alunos (estranho imaginar que daqui a dois anos deixarei de ser aluno...) no primeiro ano, como eu, tinham de 20 a 30 minutos. Eu estourei pra 1 hora, de propòsito. Achei o formato das apresentações muito técnico e seco, então antes de apresentar meu tema de tese, compartilhei minha experiência no primeiro ano de tese trazendo questões nunca abordadas nem naquela reunião nem nas anteriores:
Quais as dificuldades dos estudantes de primeiro ano de doutorado? Quais as angùstias? Serà que é normal não ter um tema ou não ter certeza dele? Como escrever um artigo (de qualidade aceitàvel)? Como mostrar que se faz pesquisa numa equipe com reputação de "engenheiros programadores"? Como aproveitar meu tempo sem "boiar" tanto? Entre outras questões existenciais de um doutorando.

Neste primeiro ano passei por tudo isso, e ainda não tenho certeza direito do que faço como tema, e uma série de outras questões. Pesquisei e li muita coisa na Internet. Prometi que iria enviar os links mais ùteis para o pessoal da equipe, e acabei criando um pàgina em meu site pessoal (ou seria profissional?) com esses links e minha experiência do primeiro ano. Começo a ter a impressão que gosto de escrever, apesar de demorar pra dizer alguma coisa. Esse post , por exemplo, estava previsto para um paràgrafo... Certamente o twitter não é para mim.
Segue novamente o link com as dicas para o primeiro ano de tese (escrevi em inglês para ter utilidade para um nùmero maior de pessoas)

sábado, 5 de setembro de 2009

Procurar moradia em Grenoble

Este post é pra registrar o que vàrias pessoas jà me perguntaram. Gente que vem, jà veio ou pensa em vir pra Grenoble, e também aqueles gostariam de saber o preço de aluguel por aqui apenas por curiosidade. Aos googleiros: algumas das informações e links servem para outras cidades da França.

A melhor época

O ano letivo começa em Setembro/Outubro e termina em Junho. A época boa pra procurar apartamento é em julho (estudantes estão indo embora) ou agosto (as aulas ainda não começaram e boa parte dos estudantes ainda não chegou).

Decifrando letras e nùmeros

Isso serve pra toda França. Ao procurar apartamento as pessoas se deparam com T1, T2, T3, F1, F2, F3 e ficam "viajando" sem saber o que é. T é
type e F é forme. Se existe uma diferença entre o T e o F, não està clara. Todo mundo diz que é a mesma coisa. O nùmero do lado é quantas peças tem no imòvel (contando com a sala). Um T1 ou F1 é um studio (não tem quarto). Um T2/F2 é um apartamento de 1 quarto e assim segue. Para castelos e mansões deve complicar utilizando esse padrão pois existem vàrias salas ;)
Outra sigla que tem é TCC (
Toutes charges comprises)

Boas opções para os solteiros

Residência universitària
Existem vàrias residências universitàrias em Grenoble, a maior parte dentro do Campus mesmo. Elas são administrada pelo CROUS (pronuncia-se crus, com aquele R escarrrrrrrado). O pessoal de intercâmbio que vem pra Grenoble geralmente fica num quarto de res. universitària. Existem umas melhores que outras. Melhor entrar em contato com quem morou nelas saber quais as mais legais. O valor não sei precisar, mas acho que em torno de 200 euros.

Se for um jovem casal, esqueça a opção acima.

Colloc
Um detalhe pra os solteiros: se sua bolsa tiver um valor que dê condições de pagar um aluguel de apartamento, o CROUS não te aceita. Um amigo meu là do laboratòrio teve seu pedido rejeitado. Então ele escolheu morar em colocação (dividindo apê com outros), que é uma boa opção. Pode-se morar muito bem, pagando menos que morando sò. Existem vàrios anùncios de colloc. A associação EVE, que fica no campus, organiza um "speed dating" onde pessoas se conhecem na hora e se organizam pra dividir apartamento. E, por falar em EVE, vale a pena associar-se. São 5 euros por ano, que dão desconto de 1 euro na cerveja grande. Com 6 cervejas você jà tà no lucro! Sim, existe um bar dentro do campus. Se não me engano, além desse desconto também tem direito a entrada gratuita nos shows que tem là. Mas, não tenho certeza, eu sò vou là pra tomar cerveja :)

Para os casados (e solteiros que queiram o seu pròprio apê)

Voltando para o meu mundo de um jovem casal (jà nem sei se sou tão jovem assim), ano passado nossa busca foi por esses dois sites, tendo contato direto com os proprietàrios dos imòveis:
http://www.paruvendu.fr
http://www.kijiji.fr

*Esse ano agregamos mais dois à nossa busca (atenção aos anùncios que aparecem em mais de um site):
http://www.leboncoin.fr
http://www.vivastreet.fr

Tem sites de imobiliàrias também, mas eles cobram uma taxa que fica pròximo de um mês de aluguel:
http://www.fnaim.fr
http://www.prefecture-immobilier.com/ (um brasileiro que conheci alugou por essa imobiliària e me passou esse link)

Os links acima são legais para ter uma idéia de preço.

Outra opção
Ir pessoalmente em agências que vendem uma lista com endereços e fones dos clientes que estão colocando apartamento pra alugar. Eu fiz isso logo que cheguei, e paguei 150 euros na lista. Achei a maior roubada, mas eu tava desesperado pra alugar, não conhecia ninguém aqui e estava morando num albergue (brasileiros classe média se espantam com essa palavra, mas um dia eu posto sobre esta maravilhosa e geralmente barata alternativa a hotéis).

Mais uma opção em Grenoble
Ir ao Espace Logement Étudiant que todos os anos fica montado no Pôle Jeunesse (6 boulevard Agutte Sembat), do meio de agosto ao meio de setembro. Là você encontra pessoas para te orientar e um mural com vàrios anùncios. Eu fui là muitas vezes na época que cheguei (2007). Muitos dos que liguei perguntavam se eu tinha garant (o fiador), que eu não tinha. Muitas opções foram descartadas. Fui na CAF pedir um tal de Locapass que funciona como substituto do fiador, mas pra isso você precisa justificar salàrio/bolsa, e na época eu também não tinha. Depois de três dias de frustração, o desesperado aqui comprou a listinha mencionada anteriormente.

Contrato de aluguel
Chamam aqui de contrat de bail ou contrat de location. Importantìssimo pra sua vida aqui.
O primeiro apartamento nosso foi contrato de duração de 1 ano. O atual é de três anos. Na hora de ir embora, precisa avisar com antecedência de 1 mês para aparamentos mobiliados ou 3 meses para apartamentos vazios.
Outra informação importante: ao assinar o contrato, precisa dar o déposito garantia de 1 mês. Ou seja, no primeiro mês de aluguel você paga dobrado.
Em caso de dùvidas contratuais, tem uma associação dos inquilinos (não estou certo mas acho que o nome é association des locataires) aqui em Grenoble que fica na Maison des Associations na esquina da Boulevard Gambetta com a Rue Hoche.


Eu pensava que o post ia ser breve apenas com links. Mas não teve jeito...

*Editado em 07/10/09

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Dança grega

Fui à Grécia participar de uma conferência, em Patras (onde tem uma linda ponte que custou a bagatela de 630 milhões de Euros), e de umas reuniões em Atenas relativa ao projeto europeu que participo. Cerca de uma semana por là, aproveitei e a esposa veio junto. Apesar das obrigações do trabalho deu pra curtir um pouco. Para os apressados em conhecer alguma(s) ilha(s) grega(s) mas que não dispoem de muito tempo, como foi nosso caso, tem a opção de um cruzeiro de um dia. Atenas mesmo dà pra conhecer as principais coisas em um ou dois dias. A parte urbana da cidade lembra muito o Brasil, inclusive as calçadas irregulares onde cada casa cuida da sua fazendo questão de ser diferente do vizinho.
Postei no YouTube dois vìdeos de danças folclòricas da Grécia, que tivemos a oportunidade de assistir (e filmar) durante um jantar organizado pela conferência: